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SANTIDADE!

SENHOR, QUERO SER SANTO!

PARTE I

Nosso chamado é para a santidade. Ser santo é alcançar o amor sincero e verdadeiro. Quanto mais buscamos ser santo, tanto mais semearemos em nosso mundo uma esperança de uma sociedade melhor para viver.

Para viver a santidade não é apenas uma decisão pessoal é preciso pedir a ajuda do Espírito Santo que recebemos em nosso batismo que infunda sobre nós as virtudes sobrenaturais e os dons de santificação. (LG 7).

Virtudes sobrenaturais são hábitos bons, enquanto que os vícios são maus hábitos. Podemos cultivar virtudes naturais como, por exemplo: pontualidade, autenticidade, honestidade, etc.

As sete virtudes infusas compreendem as três virtudes teologais e as quatro virtudes cardeais, também chamadas virtudes morais.

As virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade. A virtude da fé consiste em crer, a virtude da esperança em ter a certeza das realizações das promessas de Deus; e a caridade, em amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

Será que o mundo precisa de pessoas com estas três virtudes teologais?

Estamos acompanhando uma sociedade materialista e extremamente egoísta. Nunca nossos comportamentos estiveram tão perto do ateísmo como vemos hoje. Os valores religiosos estão sendo tirados na educação de nossos filhos. Em nome de uma tremenda ingenuidade estamos vendo pais omitindo a presença de Deus na vida dos filhos alegando que estes devem decidir como bem entendem se querem ou não professar sua fé. Os valores materiais são oferecidos como a importância de estudar, de trabalhar para ter uma vida melhor e assim por diante. Mas quando se trata de professar a fé, isto deve ser descoberto naturalmente pelos filhos. Será?

O que temos acreditado? Onde temos colocado nossa confiança? Em coisas passageiras? Tudo é importante ensinar, só as coisas de Deus deve ser descoberto sozinho pelos filhos? Cadê a coerência neste pensamento?

Será que se fôssemos deixar que nossos filhos decidissem por estudar ou aprender atitudes morais sozinhos como, por exemplo, não roubar, não usar drogas, não vagabundear, eles aprenderiam sozinhos? Por que então as coisas de Deus não são ensinadas como valores importantes na vida de uma pessoa?

Outra virtude é a esperança. Pergunte a qualquer jovem hoje qual é a sua esperança? O que eles esperam para o dia de amanhã? Serão poucos que dirão que sua esperança é Deus. Que estão esperando nas promessas de amor e libertação do Deus da vida. Por não terem Deus como foco principal, será ainda mais difícil qualquer jovem ou estudante dizer que querem plantar uma sociedade melhor.

Por fim a caridade, a virtude por excelência. Os mesmos pais que dizem não precisar falar de Deus também são os que não ensinaram seus filhos a amar o próximo. A dar a vida e o dom que possui para ajudar os que não tiveram condições iguais na vida. Neste tempo moderno existem muitas pessoas carentes do amor, uma sociedade depressiva e insatisfeita. Ao não amar a si próprio como entenderei que devo amar o outro como a mim mesmo. Se tenho feito da minha vida uma busca incessante de tudo que não preenche?

Pedimos a Deus as três virtudes teologais sobre nós e sobre nossos filhos e jovens. Pedimos a todos os casais e adultos. Pedimos sobre nossos idosos. Que vivamos e construímos uma sociedade de princípios e cuja principal inspiração seja Deus.

SENHOR, QUERO SER SANTO!


PARTE I I - Virtudes Cardeais

As virtudes cardeais são atos bons que regem nossa moral, por isso são chamadas também de virtudes morais.

Portanto é fundamental pedir ao Espírito Santo que nos envie as virtudes cardeais também sobre nós a fim de que possamos experimentar e viver de forma concreta a santidade me nossa vida.

As virtudes cardeais também são um dom sobrenatural, para tanto só podemos vivê-las com a ajuda do Espírito de Deus. É dom gratuito e só recebe quem se abre para eles.

As virtudes cardeais são fundamentais em nossa vida, pois nos leva a praticar bons hábitos e ajuda a organizar uma sociedade mais agradável e com possibilidade de viver em paz.

As virtudes cardeais são a virtude da prudência, a da justiça, a da fortaleza e a da temperança.

Lemos na Bíblia: “E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes, ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza” (Sb 8,7a).

A virtude da prudência consiste em examinar com ponderação, resolver os problemas com bom senso e executar com exatidão o que se refere à nossa vida espiritual. Uma espiritualidade pontuada pela prudência nos afasta do exagero e do extremo. Traz o equilíbrio espiritual nos afastando de todo fanatismo religioso. Ajuda quem é líder na decisão e solução dos problemas da comunidade. Rege nossas decisões e principalmente referente a vida pessoal e espiritual.

A virtude da justiça consiste em dar ao outro o que lhe é devido. São formas de virtude da justiça:

1 - Virtude da religião: dar a Deus o devido culto. Leva-nos a adoração e entrega verdadeira ao Deus verdadeiro e nos ensina como prestar o verdadeiro culto a Ele.

2 - Virtude da piedade: dar ao próximo o que lhe pertence. Leva-nos a defender o injustiçado e partilhar e lutar para que todos tenham dignidade e cidadania. O que sobra em minha vida, pertence com certeza ao outro. A virtude da piedade nos ensina que a sociedade em que vivemos deve ser igualitária. Poucos tendo muito e muitos tendo pouco é sem dúvida alguma uma grande ofensa contra Deus que é Providente e Justo. Pela virtude da justiça na forma de virtude da piedade somos chamados pelo Espírito Santo a promover o Bem Comum. O piedoso não é egoísta, não pensa em si mesmo, mas está voltado e preocupado com o seu próximo, principalmente se este sofre injustiça e é marginalizado.

3 - Virtude da gratidão: reconhecer a justiça do próximo. A gratidão verdadeira leva ao reconhecimento que por sua vez leva a retribuição. Reconhecer o favor recebido de alguém sendo grato e retribuir a quem também precisa da sua ajuda. Quem possui a virtude da gratidão não é ingrato. Quem presta favor não é inconveniente, portanto não cobra o favor prestado.

A virtude da fortaleza consiste em suportar e empreender coisas árduas. São formas da virtude de fortaleza:

1 - Virtude da paciência: Aceitar as dificuldades da vida. Não viver do imediatismo. Esperar o tempo certo das coisas acontecerem e principalmente ter a certeza que tudo está nas mãos de Deus e esperar as demoras de Deus na vida. O tempo de Deus não é o mesmo da gente. Portanto Deus agirá no tempo certo e o tempo responderá e será um ótimo remédio para nossas dúvidas.

2 – Virtude da Perseverança: Não desanimar diante dos problemas e nem abandonar uma missão pelo meio. Por esta virtude a pessoa é animada e esperançosa. Termina sempre o que começa. Enfrenta os problemas com coragem e persistência.

3 – Virtude da fidelidade: Permanecer fiel diante das tentações. Não se deixa levar pelos pecados e foge deles com astúcia e discernimento. Torna-se fiel a Deus e às pessoas que o rodeiam. Torna-se um bom amigo. Mantém uma espiritualidade profunda e constante.

4 – Virtude da Magnanimidade: Ter grandeza de alma ante as tribulações. A pessoa demonstra uma tranqüilidade diante das dificuldades. Não se revolta e nem confronta seus valores pessoais após um sofrimento que tenha passado. Tem tranqüilidade suficiente em lidar e enfrentar dificuldades na vida.

A virtude da temperança consiste na moderação e controle dos prazeres sensíveis. A pessoa que possui esta virtude mostra ser ponderada e não exagerada em suas ações e comportamentos. São formas de virtude da temperança:

1 – A sobriedade: moderação no gosto exagerado pelas comidas e bebidas e qualquer outro vício, como por exemplo, falar demais, falar dos outros, dizer palavrões e apego a algum tipo de matéria em exagero, etc.

2 – A castidade: moderação dos prazeres do tato. A pessoa que possui esta virtude tem sua sexualidade equilibrada. Consegue respeitar os mandamentos de Deus e enxergar o sexo com o olhar e o amor divino. Respeita seu próximo e não o enxerga como objeto de prazer. É casto no casamento respeitando e sendo fiel ao cônjuge. Não vive uma sexualidade desenfreada e egoísta.

3 – A humildade: moderação da própria excelência. Não se acha melhor que os outros. Não se sente superior a ninguém. Não humilha o próximo. Reconhece a grandeza de Deus em sua vida. Tem consciência de seus pecados e limitações e luta por vencê-los. Escuta. Ele Respeita os outros. Tem amor pelos pais e se deixa ser educado. Obedece ao superior. Procura crescer espiritualmente e intelectualmente e como pessoa tendo a nítida consciência que tem muito que aprender na vida, etc.

Espírito Santo envia sobre nós as virtudes cardeais e nos faz ser mais santos! Amém!

SENHOR, QUERO SER SANTO!



PARTE III – Dons de santidade

Estamos vivendo no meu ponto de vista um tempo de pobreza espiritual muito grande em nossas comunidades.

Fala-se muito em prosperidade, grandes estruturas, grande quantidade de pessoas em eventos, pregadores famosos, congressos com gente que já carrega a cruz no peito, testemunhos de curas, milagres e bens materiais adquiridos. Tudo isso sob aplauso e veneração. Porém temos cada vez menos falado de conversão e santidade. Temas estes que não agrega grandes quantidades, mas qualidades.

Por isso falar deste tema é mais do que ousadia é uma atitude de coragem! Quem fala de santidade e prega a conversão. Quem luta pela justiça e prioriza o amor e a fé acima dos sinais visíveis, optou com certeza, assim como Maria, fazer história através do silêncio e da humildade.

Vamos falar um pouco sobre santidade e conseqüentemente sobre os dons de santidade?

Os dons de santificação, também chamados dos sete dons do Espírito Santo ou sete dons infusos são:

1. Temor a Deus

2. Fortaleza

3. Piedade

4. Conselho

5. Ciência

6. Entendimento

7. Sabedoria

1. Temor a Deus


Este dom imprime em nossa alma o desejo de estar sempre unido a Deus. A motivação de estar em Deus é o amor. Este amor a Deus nos motiva a afastarmos do pecado, reverenciarmos adorando o Deus verdadeiro, reconhecendo nossa pequenez.

A raiz do todos os dons é o amor. Portanto como disse São João: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor” (1Jo 4,18). Portanto caminhar na presença Divina não é um ato de medo e sim um impulso do amor. Temor significa acima de tudo respeito pelo que é divino e reconhecimento da importância do divino em minha vida.

Não adoro Deus pelo medo da condenação, é um erro enorme pensar que seremos castigados se não reconhecermos Deus em nossas vidas. Reconheço Deus porque amo e se amo experimento a alegria de expressar com respeito esta minha fé.

Veja não é um temor servil, medo de ser castigado e ir para o inferno. E sim um temor filial, medo de ofender Alguém que tanto me ama e me trata tão bem. Por amar Deus como meu Pai eu não quero ficar longe dEle, conseqüentemente sinto horror a tudo que me afasta da sua presença.

“O temor do Senhor é o ódio ao mal” (Pv 8,13).

Portanto só há um caminho para alcançar o temor a Deus, e este caminho é a humildade. Lembrando que a humildade passa pelo sofrimento, pela dor. É certo que as pessoas mais sofridas são as pessoas com mais humildade e mais propensa a curvar diante da grandeza do amor de Deus, reconhecendo a importância da sua presença na vida.

“Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6 e 1Pd 5,5).

O Temor a Deus é também é a abertura para receber todos os outros dons do Espírito Santo. Portanto este dom é um grande tesouro de Deus em nossa vida:

“Vale mais o pouco com o temor do Senhor, que um grande tesouro com inquietação” (Pv 15,16)

S. Luiz Gonzaga chorava e se afligia quando constatava que havia cometido alguma falta, por menor que fosse. As faltas, sob a ação do dom do temor de Deus, indicavam a ele uma separação de Deus. “Seu coração era tão cheio de amor a Deus que não suportava o menor afastamento do Amado”.

Sejamos simples e humildes reconhecendo que a melhor forma de ser abençoado é temer a Deus de todo coração amando-o verdadeiramente.

Ao amar a Deus realizo-me como pessoa e sinto-me feliz!

SENHOR, QUERO SER SANTO!



PARTE IV – FORTALEZA E PIEDADE

Vamos continuar falar um pouco sobre santidade e conseqüentemente sobre os dons de santidade?

Fortaleza

O dom de fortaleza aprimora a virtude cardeal da fortaleza. É um dom de santificação que imprime na alma um impulso que lhe permite suportar as maiores dificuldades e tribulações e praticar, se necessário, atos sobrenaturalmente heróicos.

“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13).

Aquele que recebe o dom da fortaleza está disposto a sofrer o que for necessário por amor a Deus e aos irmãos.

Não faltaram exemplos na história dos santos de atos heróicos por amor a Deus e ao próximo. S. Francisco disse ao irmão Leão o que a verdadeira alegria não consistia em dar exemplo de santidade, em curar cegos e paralíticos, em expulsar demônios, em conhecer todas as ciências e as Escrituras, em profetizar ou mesmo em converter os infiéis à fé cristã. Disse que a verdadeira alegria consiste em sofrer as maiores tribulações e humilhações com paciência e sem murmuração, por amor a Deus.

Há muita gente por ai para poder agregar quantidades prega prosperidade e excluem a cruz da história cristã.

A força de Deus se revela principalmente na fraqueza humana. O que é fraco perante os homens é força diante de Deus. Por isso a cruz só é entendida por quem possui o dom da santidade em seu ministério.

Outro santo que deu demonstração do dom da fortaleza foi santo Inácio de Antioquia que ao ser condenado a morrer triturado pelos leões pediu à sua comunidade que não interviesse ao seu favor dizendo:

“...Trigo sou de Deus, e pelos dentes dos leões devo ser moído, a fim de ser apresentado como pão a Cristo”. O que ocorreu no dia 20 de dezembro de 107.

O dom da fortaleza geralmente nós encontramos no povo simples e sofrido que labutam na vida para sustentar sua família. Homens e mulheres simples, mas com um dom maravilhoso de superação sem revoltar com Deus e sim confiar plenamente.

Piedade

O dom da piedade aprimora em nós uma afeição filial para com Deus, adorando-o com amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as pessoas e para com as coisas divinas.

É o dom que aprimora a virtude da justiça sob todas as formas: a da religião, a da piedade e a da gratidão.

Pelo dom da piedade damos ao outro ( Deus e ao próximo) tudo que lhe pertence por direito e sem medidas.

O dom da piedade também nos ensina a ver Deus como Pai e atirar-se aos seus braços com confiança.

Portanto este dom é auxiliado por duas virtudes teologais: a caridade e a esperança. Pela esperança participamos das promessas de Deus e pela caridade amamos a Deus e ao próximo servindo sem medida.

Podemos dizer que o dom da piedade passa por três estágios importantes em nossa alma: 1 - a alma se comunica com o próximo; 2- a alma se comunica generosamente com o próximo dando-lhe o que é necessário; 3 – a alma se comunica tão generosamente com o próximo que além de dar o que é necessário, dá-se a si mesma.

Um exemplo de santa que viveu o dom da piedade é Santa Gertrudes.

Era uma monja beneditina, viveu no séc. XIII, contemplativa. Era dócil e bondosa com suas irmãs de mosteiro. Diz que bastava alguém se aproximar dela para sentir a presença do Amor Divino. Nada queria para si. Recusava louvores e elogios. Tudo abandonava quando solicitada por uma irmã aflita. Sacrificava de boa vontade o repouso e momentos de recolhimento para dedicar-se às irmãs que sofriam. Nosso Senhor tinha grande ternura por ela, como afirmou Santa Matilde, sua companheira de mosteiro. Nela se manifestaram os estigmas de Nosso Senhor. Sua grande devoção ao Sagrado Coração de Jesus levou-a a ser uma das iniciadoras desse louvável culto.

SENHOR, QUERO SER SANTO!

PARTE V – CONSELHO E CIÊNCIA

CONSELHO

Assim como os outros dons do Espírito Santo este dom também é de santidade. È um dom de orientação, que nos ajuda a viver sob a ação do Espírito Santo.

É um dom que aprimora em nós a virtude da prudência, nos ajuda, a saber, o que falar e o que fazer diante das diversas circunstâncias da vida. Traz-nos a reta razão, pois se baseia na razão divina das coisas.

A virtude da prudência baseia-se na nossa razão. Porém somos limitados e por isso mesmo praticamos a prudência com imperfeição. Gera em nós a hesitação e dúvidas diante de uma decisão a ser tomada. Dependendo da decisão, podemos até colocar em risco nossa vida de santidade. É então que o dom do conselho se faz necessário!

O Dom do conselho nos faz agir com segurança, por ele o Espírito Santo nos fala ao coração e agimos assim com audácia e coragem.

O dom do conselho ordena todas as ações dos outros dons de santificação.

Na Escritura há uma palavra de Eclesiastes que afirma haver tempo para cada coisa ( Ecl 3,1-8). Como saber o tempo certo? Pelo dom do conselho!

Os santos da Igreja também possuíam em plenitude o dom do conselho: “S. Francisco de Sales, em seu escudo Episcopal colocou o seguinte lema ”Nem mais, nem menos”. Ele queria estar na medida certa, dada pelo dom do conselho. Um poeta dizia a seu respeito dele: “Transformava amarguras velhas daqueles que dele se aproximavam em cera branca e doce mel”. Livro Filotéia ou Introdução a Vida Devota.

Precisamos deste dom para saber aconselhar as pessoas que nos procuram, àquelas vivem debaixo do mesmo teto que a gente e os que encontramos pelo caminho. Nunca se fez tão necessário este dom como hoje na educação dos filhos e dos casais.

A CIÊNCIA

O dom da ciência nada tem a haver com a ciência natural. Nem mesmo com teologia e filosofia. Um teólogo pode ser um grande pecador, não estando no caminho da santificação.

É um dom que nos faz conhecer as coisas criadas nas suas relações com o Criador. Por este dom recebemos a ciência e compreensão dos santos.

Passa por três estágios importantes este dom:

Primeiro estágio: Reconhecer que as coisas criadas são vãs em si mesmas. Tudo passa!

Segundo estágio: Reconhecer que nas coisas criadas há uma centelha de Deus! Olhamos para as criaturas não para admirá-las por si mesmas, mas para enxergar nelas a glória de Deus. A pessoa humana neste caso é a criatura mais bela e sagrada que Deus criou. Ofender a criatura é ofender o próprio Deus. Ofender a pessoa humana é violar o que há de mais sagrado na face da terra. A injustiça social é a violação contra a vida ( Sl 8, 5-7).

Terceiro estágio: o dom da ciência nos faz ver o sofrimento e a humilhação como um meio de nos assemelharmos a Jesus. Pela ciência vejo o sentido profundo da cruz, como sinal de vitória e não fracasso.

São João da Cruz era um homem obediente a Jesus que por sua vez o amava muito. Então Jesus em uma visão lhe perguntou que recompensa poderia oferecer a ele por tudo que tinha feito a Jesus. São João respondeu: “Senhor, desejo sofrimento e humilhação”. Respondeu isso por amor a Jesus!

São Francisco abandonou toda sua riqueza por amor a Deus e na vida de santidade via como ninguém a glória de Deus na natureza. Participou dos sofrimentos de Jesus ao ser estigmatizado.

O dom da ciência nos ensina que tudo é relativo diante do amor de Deus para com cada um de nós.

SENHOR, QUERO SER SANTO!

PARTE VI – ENTENDIMENTO E SABEDORIA

ENTENDIMENTO

Este dom nos dá uma compreensão profunda das verdades reveladas, sem, contudo nos revelar o seu mistério. Só teremos plena compreensão do mistério quando estivermos face a face com Deus.

O dom de entendimento é chamado também de dom da inteligência, palavra que vem de inter legere, ou seja, ler por dentro, penetrar.

Este dom nos permite aprofundar nas verdades reveladas.

Faz enxergarmos numa aparente matéria o que é divino; por exemplo, a eucaristia. Também por intermédio deste dom compreendemos as Escrituras. Por este dom constata-se a graça de Deus nos sacramentos. Torna-se claro que no visível se oculta o invisível.

Por fim o dom de discernimento nos ajuda a conhecermos-nos melhor e a reconhecer nossa miséria e a graça de Deus em nossa vida. È um dom iluminador que esclarece toda mancha que em nós ofusca o brilho de Deus.

SABEDORIA

A sabedoria humana é limitada e falha. A sabedoria divina é plena e perfeita.

Sabedoria e sabor têm a mesma raiz. Por este dom não só conhecemos melhor a Deus e suas criaturas como também saboreamos esse conhecimento.

Há uma diferença em gostar e amar. Gostar é apreciar o que é bom pra nós, enquanto que amar é fazer o que é bom para o outro. Pelo dom da sabedoria apreciamos, saboreamos e gostamos de tudo que Deus fez e faz em nossa vida e na vida dos irmãos e na criação.

Ao saborear tudo o que Deus faz nós estamos automaticamente tomando posse de todos os outros dons, por isso por este dom fortalecemos os demais.


Gilberto Ângelo Begiato