quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Memórias Póstumas


Eu não escrevo para meu próximo,
que se faz distante, ao ler-me com os olhos,
e interpretar-me com a presença.
Eu escrevo para o distante,
que se faz presente, por não me ver
e nem me tocar, devido à ausência.
O desconhecido me lê com o coração
e, portanto me entende pela razão.
As linhas traçadas no meu tempo hoje,
no entardecer do sol poente,
as escrevo para meu tempo amanhã,
iluminadas pela luz do sol nascente.
Quem me ama hoje, não vê o que escrevo.
Quem me ler amanhã, desejará me amar hoje.
Serei ausência presente e presença ausente.


Um comentário:

  1. Olá, Gilberto.

    Muito bom texto!

    Pelas letras nos expressamos de um outro modo do que presencialmente. Muitas vezes até com maior profundidade. E para sermos bem conhecidos, que seja pelas duas vias.

    Um forte abraço e tudo de bom.

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