terça-feira, 21 de julho de 2020

Carolina Maria de Jesus


Eu não frequento
o altar dos santos,
feito de mármore,
das preces
dos religiosos
preceitos
e leis frias.
O altar
que me curvo,
fica nas periferias
da vida.
Da vida sofrida
pela fome,
pela dor,
pela ausência
de amor.
Neste altar,
que me prostro.
Não me canonize
em centros sacros.
Me leve no profano
dos lábios impuros,
onde brota o grito
e manifestações
dos excluídos.
Minha prece
é poesia.
Sou Carolina,
Mulher do Povo.
Sou Maria Preta,
Maria Sapatão,
Maria pobre,
Maria favelada.
Sou a divina
Maria de Jesus.